quinta-feira, 29 de outubro de 2015

O "Nibelungenlied".

Os germânicos também fabricam sua própria epopéia “nacional”, trabalhada sobre lendas populares, resquícios de mitologia pagã, espírito guerreiro nórdico e enxertos de elementos do cristianismo. Quanto ao produto final desta mistura, o Nibelungenlied, CARPEAUX (que, vale a pena lembrar, era ele mesmo um germânico, que nasceu e viveu por 39 anos na Áustria) comenta o seguinte:

“A composição do Nibelungenlied é assimétrica. O texto atual foi redigido na Áustria, por volta de 1200, baseando-se, conforme Heusler,[1] numa lenda de Brunhild, de origem franco-renana, com vestígios da mitologia nórdica, e, por outro lado, em uma lenda dos burgundos Hagen e Gudrun, de origem austríaca e baseada em acontecimentos históricos; pode ser que essas duas lendas tenham existido antes, em forma de canções épicas – não o sabemos. A redação final foi feita por um poeta de gênio extraordinário, transformando os acontecimentos confusos da saga em série lógica de crimes, vinganças e expiações, acabando por um coro de lamentos; é a única obra ‘moderna’ em que existe algo do espírito da tragédia grega.

O autor anônimo empregou os processos da epopeia medieval, das ‘gestes’, transformando as personagens em cavaleiros feudais e damas de castelo. Mas não conseguiu bem essa transformação, porque se esqueceu de um elemento importante: o cristianismo. Fala-se de igrejas, e aparece até um capelão. Mas os Nibelungen, assim como os seus inimigos, não sabem nada do Evangelho. São cavaleiros cristãos, mas agem segundo o código dos heróis das sagas islandesas, e ninguém os repreende. Siegfried enganou Brunhild; mas continua como herói luminoso. Hagen assassinou, mas a sua morte em combate não é expiação, e sim resignação estóica em face do destino. Kriemhild vinga uma perfídia monstruosa, repetindo-a por sua vez, e no fim ela é, chorando e desesperando, uma espécie de Grande Mãe das mitologias primitivas, lamentando o fim da era dos deuses noturnos.

O Nibelungenlied é o canto fúnebre do mundo germânico pagão. Revela que no século XIII o cristianismo ainda não tinha penetrado a fundo na alma alemã. Antes, os alemães precisaram esquecer a sua epopeia nacional, que, apesar dos esforços dos germanistas e poetas modernos, não ressuscitou realmente. Só na época da Reforma se completou a cristianização dos alemães e começou a formar-se a nação alemã”.

***

Antes de dar prosseguimento aos comentários de CARPEAUX, parece necessário, para melhor compreendê-los, que se tenha em mente ao menos um resumo do enredo da epopéia; tentemos esboçá-lo, então:

Pode-se dividir a epopéia em duas partes: a primeira, com 19 capítulos, conta a história de Kriemhild, irmã virgem de Gunther, um dos três Reis dos Burgundos, e da sua união com o herói Siegfried, Príncipe de Xanten e Soberano dos Nibelungos; conta também do fim trágico dessa união pela morte dele e do conseqüente desejo de vingança dela. A segunda parte, com 20 capítulos, conta dos planos de vingança da viúva Kriemhild, de seu casamento com Átila (Etzel), Imperador dos Hunos, da viagem dos burgundos à corte de Átila e da morte de todos eles, inclusive de Kriemhild, a última dos Nibelungos, pelas mãos dos húngaros.

A primeira parte começa com um pequeno prólogo [cap. 1] dizendo que antigos contos já relataram maravilhas de grandes heróis – de suas vitórias e, em alguns casos, de suas mortes trágicas. Dessa vez, ouviríamos a história do nobre Rei Siegfried e de sua bela Kriemhild, que foi causa da morte de muitos e valentes cavaleiros.

Kriemhild cresceu na Borgonha com seus três irmãos Gunther, Gernot e Giselher. Seu pai, o Rei Dancrat, e sua mãe, a Rainha Uote, mantinham sua corte na cidade de Worms, próxima ao Reno. Dancrat, já velho, havia passado a soberania adiante para os três filhos. Somos introduzidos também a outro importante personagem dessa história: Hagen de Troneck, um valoroso guerreiro e vassalo do Rei.

Certa noite, Kriemhild tem um sonho estranho: um falcão alçava vôo, mas logo era despedaçado por duas águias. Ela conta isso à mãe, que interpreta o sonho dizendo que o falcão era um nobre cavaleiro, com quem ela se casaria, mas que logo seria tirado dela. A filha, então, nega a intenção de se casar e diz que permanecerá virgem para sempre, ao que a mãe responde com um alerta, pois “A verdadeira felicidade só vem com o amor de um homem”.

A profecia da mãe de fato se realiza. Com o tempo, Kriemhild realmente se casa com um nobre guerreiro, apenas para logo perdê-lo em virtude de uma traição. Sua vingança trouxe a morte a muitos homens, inclusive aos seus mais próximos escudeiros.

Somos então apresentados ao herói Siegfried [cap. 2], que cresceu na cidade de Xanten, também próxima ao Reno, onde hoje seria a Holanda. Ele era filho do Rei Siegmund e da Rainha Sieglind. O jovem príncipe torna-se cavaleiro em meio ao verão. Parte da celebração é uma missa, rezada para a maior glória de Deus. Depois disso, toma lugar um grande torneio: nunca antes houve tamanha aglomeração de tão bravos guerreiros. Seguiu-se um banquete descomunal, como menestréis e trovadores por toda a parte, que recebiam um pagamento generoso por seu serviço: cavalos, roupas e outros presentes eram distribuídos em abundância.

Com o passar do tempo [cap. 3-4], começa a se espalhar a fama da Princesa Kriemhild e de sua beleza e nobreza, e o Príncipe Siegfried resolve que ele definitivamente se casaria com essa mulher e mais nenhuma outra. Ele então parte para a Borgonha, acompanhado de doze guerreiros. Armados com as melhores armas e os mais fortes escudos, o cortejo causou uma grande impressão nos burgundos.

O nobre Hagen, ainda que nunca tivesse visto Siegfried, sabia quem ele era: “É o poderoso Siegfried. Não sei qual é o seu propósito aqui, mas devemos tratá-lo com respeito. Ele é o grande guerreiro que dizimou os nibelungos e tomou posse de seu tesouro, tão vasto que encheu uma centena de carruagens de transporte. Junto com todo o ouro e as preciosas pedras, no tesouro estava também a famosa espada Balmung. Alberich, o anão, guardião do tesouro dos nibelungos, tentou vingar seus antigos mestres atacando Siegfried, mas totalmente em vão. O bravo príncipe o venceu imediatamente, e tomou dele a mágica capa de invisibilidade. De ali em diante, Alberich jurou lealdade a Siegfried, o novo dono do tesouro dos nibelungos, e assim manteve seu posto de guardião.

Tempos depois, o grande herói ainda matou um dragão e banhou-se em seu sangue, o que o fez invencível perante a todas as armas – nenhum mortal poderia vencê-lo em combate. Devemos recebê-lo com todas as honras e buscar ser seus amigos”.

Siegfried aceitou a hospitalidade dos burgundos e viveu em sua corte por um ano inteiro, mas em nenhum momento durante esse período ele pôde ver a bela princesa Kriemhild.

A casa real dos burgundos freqüentemente realizava jogos e torneios, e Siegfried provou suas habilidades por várias vezes. Uma prova maior ainda veio com a notícia de que os saxões estavam planejando atacar os burgundos. Siegfried lutou por seus aliados e liderou o contra-ataque aos saxões, derrotando-os de uma vez por todas. Ele voltou à Borgonha para ser recebido como herói.

O Rei Dancrat então ordena [cap. 5] que se faça um grande festival para celebrar a vitória dos burgundos. Foi nessa ocasião que Siegfried vê pela primeira vez a bela Kriemhild, parada em sua janela, observando as festividades que aconteciam lá embaixo. Sua beleza irradiava incomparavelmente. Siegfried soube de cara que ela era a mulher com quem sempre sonhara. A partir de então, a cada dia ele encontrava um jeito de visitá-la; eles passavam muito tempo juntos e com grande prazer, mas também sentiam o presságio de grandes tragédias que logo viriam.

Neste ponto [cap. 6], entra na história uma nova personagem: a Rainha Brunhild, da Islândia. Rumores e sua beleza estonteante já haviam se espalhado pela cidade de Worms, e o Rei Gunther, um dos três filhos governantes de Dancrat, resolve que irá tê-la como sua esposa. No entanto, Brunhild era conhecida não só por sua beleza, mas também por sua força avassaladora, bem como por suas habilidades de atirar lanças, arremessar pedregulhos e saltar distâncias enormes. Todo homem que quisesse se casar com ela deveria vencê-la nessas três competições. O prêmio seria ela mesma, em pessoa; mas, em caso de derrota, o pretendente tinha sua cabeça cortada. Muitos já haviam desafiado a bela Rainha nessas competições, mas ninguém a havia derrotado ainda, e todos foram decapitados.

Gunther contou que gostaria de cortejar a bela Brunhild, mas Siegfried, que sabia quão poderosa ela era, deixou claro que não era uma boa idéia. Mas não havia meio de dissuadi-lo e, portanto, Siegfried, por lealdade ao seu futuro cunhado (assim ele desejava) concordou em ajudá-lo em sua perigosa empreitada. Preparando-se para a viagem, ele cuidadosamente embala a capa de invisibilidade que havia tirado de Alberich, o anão. A capa não apenas fazia com que seu usuário ficasse invisível, como também concedia a ele a força de doze homens. Com a ajuda de sua capa, ele de fato consegue ganhar Brunhild para seu amigo Gunther, mas chegaria o dia em que ele se arrependeria amargamente desse seu ato.

Um barco então é preparado para a levar o cortejo pelo alto mar e Siegfried, que conhecia muito bem aquelas águas, foi escolhido capitão. No décimo segundo dia de viagem, eles atracam na grande fortaleza de Isenstein. Siegfried reconhece que está nos domínios de Brunhild.

Cauteloso quanto aos grandes poderes da Rainha, Sigfried insiste em não ter sua identidade revelada [cap. 7-8]. Para preservar-se anônimo, portanto, ele se apresenta como um mero vassalo de Gunther. Brunhild recebe o cortejo com aparente cortesia, não sem deixar claro que, caso Gunther falhasse, a tripulação inteira que o acompanhava deveria morrer.

Enquanto se faziam as preparações para o fatídico evento, Siegried retorna secretamente ao barco e coloca sua capa mágica. Invisível, ele retorna ao grupo.

A primeira prova era arremessar o mais longe possível uma lança enorme, tão pesada que três cavaleiros juntos quase não conseguiam sequer levantá-la do chão. A Rainha, como quem abaixa para pegar uma moeda, empunha a lança e a arremessa na direção certeira de Gunther, que estava parado a uma boa distância dela. A lança esmigalha seu escudo e o transforma numa chuva de brilhantes. Siegried, invisível, mantinha-se parado ao lado de Gunther e lhe cochichava instruções no ouvido. Siegfried pega então a lança, de tal modo que parece que Gunther é quem o faz, e a arremessa de volta na direção de Brunhild. Ela recebe o golpe mortal com seu escudo, mas ele veio com tanta força que o impacto a fez tropeçar e cair.

Ao levantar, ela dá os parabéns a Gunther por seu retorno inesperadamente potente, e então se dirige à próxima prova. Pega do chão um pedregulho monstruoso e o arremessa a 24 jardas de distância, e então, com apenas um impulso, dá um salto para ainda mais longe. Gunther observa. Aproxima-se então do pedregulho, põe suas mãos nele, no entanto é Siegfried quem o levanta e o arremessa a uma distância ainda maior que a atingida por Brunhild. Em seqüência, ele agarra Gunther e dá um salto com ele, caindo mais adiante ainda que a pedra.

Brunhild, então, fica sem alternativas: aceita a proposta de casamento de Gunther [cap. 9] e retorna com ele para a Borgonha. Conforme a comitiva se aproximava de Worms, Siegfried é mandado na frente para anunciar o sucesso da aventura de Gunther.

Brunhild é recebida em Worms [cap. 10] com uma celebração digna de sua nobreza, fama e beleza: jogos, festas, banquetes e representações eram feitos em sua honra. A Rainha Uote e a princesa Kriemhild ficaram especialmente maravilhadas com a nova parente.

Dois casamentos reais eram então preparados: o da Rainha Brunhild da Islândia com o Rei Gunther da Borgonha, e o da princesa Kriemhild da Borgonha com o príncipe Siegfried de Xanten. Só que, para Brunhild, Siegfried não era da nobreza, mas apenas um vassalo. “Por que”, perguntava a seu futuro marido, “sua irmã está noiva de um simples vassalo?”. “Ele é um nobre Rei, tão nobre quanto eu”, respondia Gunther. “Tem enorme poder e abundante riqueza”. A resposta calava Brunhild, mas não tirava a suspeita de seu coração.

Os dois casamentos transcorreram com igual esplendor, mas as duas noites de núpcias não foram nem um pouco parecidas.

Brunhild, inquieta com suas suspeitas quanto a Siegfried e sua suposta nobreza, se recusa a ir para a cama com Gunther até que ele conte a ela tudo que sabia sobre Siegfried. Ele insiste em que não havia segredos a serem revelados e, sozinhos no quarto, ambos continuaram discutindo por um bom tempo. Ela o ameaçava, dizendo: “A não ser que me conte toda a verdade a respeito de Siegfried, permanecerei virgem”.

Gunther se enfurecia e, esquecendo-se da força descomunal de sua esposa, ele tenta agarrá-la à força. Ela resiste ao ataque com uma facilidade tremenda. Tirando o cinto que cingia seus quadris, ela amarra-o na parede por um prego, pelos pés e pelas mãos, e lá ele fica durante a noite inteira.

Na manhã seguinte, os maridos se encontram e cumprimentam e Gunther confessa que sua noite de núpcias não foi nem um pouco parecida com o que tinha em mente. Profundamente embaraçado, ele relata sua desventura ao seu novo cunhado, Siegfried, que, mais uma vez, concorda em ajudar seu infeliz parente. Naquela mesma noite, escondido pela capa de invisibilidade, Siegfried adentra o quarto de Gunther e Brunhild. “Pare de amassar meus lençóis”, ordenou a virgem Rainha, pensando que era Gunther quem a apalpava. Mas dessa vez não era ele. O invisível Siegfried luta com ela em sua cama e rapidamente a paralisa, até que finalmente ela se submete a Gunther.

Isso teria resolvido o assunto, mas Siegfried, ainda invisível, não se sabe se por orgulho ou por qualquer outra motivação, rouba um anel de ouro de um dos dedos da Rainha e também o cinto maravilhosamente bordado que cingia seus quadris, e só então deixa os dois dormindo juntos.

Mais tarde, Siegfried dá de presente a Kriemhild, como um troféu, os objetos que roubou de Brunhild. Mas chegaria o dia em que ele se arrependeria desse seu ato.

O tempo passa. Siegfried e Kriemhild retornam a Xanten [cap. 11]. Lá, seu velho pai nomeia-o Rei e como sua mãe havia morrido recentemente, sua mulher Kriemhild torna-se Rainha. Lá os vivem dez maravilhosos anos. Seu casamento foi abençoado com um filho, a quem eles deram o nome de Gunther. Em Worms, na Borgonha, Gunther e Brunhild também têm um filho, a quem dão o nome de Siegfried.

Enquanto isso [cap. 12], Brunhild ainda guarda a mesma e velha suspeita quanto ao marido de sua cunhada. Para ela, Siegfried era um mero vassalo de Gunther e portanto não teria o direito de se casar com Kriemhild. Sedenta por tirar essa cisma, ela propõe ao seu marido que Siegfried e Kriemhild sejam convidados para um grande festival da corte. Gunther, que nem suspeita dos motivos secretos de sua mulher, concorda e envia a eles o convite.

Siegfried e Kriemhild, então, retornam a Worms [cap. 13-14], onde são recebidos com grande pompa. No entanto, ao invés de tratar Kriemhild com falsa amizade, Brunhild logo revela sua impaciência e ambas passam a disputar quanto aos méritos de seus respectivos maridos. “Seu marido se diz Rei”, provoca Brunhild, “mas ele não passa de um vassalo do meu marido, um verdadeiro Rei”. Ao que Kriemhild retruca: “Seu marido não é nem rei nem homem. Seu pseudo-marido não foi nem homem o bastante para lhe domar na noite de núpcias. Foi o meu marido quem teve de fazer esse trabalho para ele!”. “Prove-o!” – Brunhild já espumava. “Pois provarei!”, disse Kriemhild, ao que acrescentou: “Eis aqui o anel que ele tirou de seu dedo naquela noite, e aqui está o cinto que ele retirou da sua cintura!”, e enquanto dizia isso, ela tirava de seu próprio dedo e de seus próprios quadris os troféus que Siegfried havia secretamente tomado de Brunhild naquela noite de núpcias.

Brunhild, sempre tão valente e tão orgulhosa, agora petrificada, dissolve-se em lágrimas. Ela pergunta a seu marido a respeito das coisas que sua irmã havia dito, mas nada que ele pudesse dizer confortaria seu coração. Ela então se retira.

Hagen, fiel vassalo do Rei Gunther, assiste a todos o episódio e, vendo o desespero de sua Rainha, jura vingança ao homem que, conforme entendia, era o responsável por essa dor: Siegfried. “Devo matá-lo”, promete Hagen.


[O resumo da história continua, em inglês, em: http://www.pitt.edu/~dash/nibelungenlied.html; por enquanto, só o traduzimos até este ponto. Outros links que podem interessar para a compreensão da história são os seguintes:

***

De volta aos comentários de CARPEAUX, agora aptos a compreendê-los melhor, lemos o seguinte:

“Quanto ao Nibelungenlied, [Thomas] Carlyle exprimiu a opinião seguinte: ‘The city of Worms, had we a right imagination, ought to be as venerable to us moderns as any Thebes or Troy was to the ancients’ [A cidade de Worms, se tivéssemos a imaginação apropriada, deveria ser tão venerável a nós modernos como qualquer Tebas ou Tróia o foi para os antigos]. Desde então, popularizaram-se muitas traduções – o alemão medieval é uma língua muito diferente do alemão moderno e não imediatamente compreensível a leitores modernos; e o drama musical de Wagner conquistou o mundo. Mas a exigência de Carlyle não encontrou eco. Em parte, porque não se trata de Worms ou só de Worms, que aparece apenas na primeira parte do poema.

[...] A cena d[a] segunda parte fica localizada na Áustria, às margens do Danúbio, na corte do rei Etzel (Átila), que casou com Kriemhild, a viúva de Siegfried; ela o instigou a convidar os Nibelungen, Hagen e os outros assassinos de Siegfried, para mandar matá-los; e eles caem, apesar da culpa sinistra, com heroísmo sombrio, até grandioso. Compreende-se, no fim, o lamento de um mundo em agonia, em ‘nôt. Mas isso não tem nada com a cidade renana de Worms. Lá se perpetrara o assassínio, e o começo da primeira parte passa-se até na Islândia, onde Siegfried, por meio de um truque, conquistou Brunhild, entregando-a ao rei Gudrun [Gunther] e iniciando, assim, a série de perfídias, crimes e mortes, que o poema celebra

[...] A epopéia acaba com [...] o lamento geral de homens e mulheres ‘pela desgraça dos Nibelungen’. Nibelungen nôt’, ‘Desgraça dos Nibelungen’, seria o título adequado do poema, porque se refere à parte mais importante: à segunda”.



[1] O Nibelungenlied foi redigido entre 1190 e 1200, provavelmente na Áustria. O texto existe em três redações diferentes: os manuscritos A (Muenchen), B (St. Gallen) e C (Donaueschingen).

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